quarta-feira, 5 de junho de 2013

 Ler para quê?

          Falar de leitura para mim hoje em dia é algo prazeroso, gratificante e enriquecedor. Mas minhas primeiras experiências com esta “palavrinha leitura” não foi das melhores...
Estudei o Ensino Fundamental Ciclo I e II e Ensino Médio em escola pública, no ensino Fundamental I a leitura não era “cobrada” pelos professores, o que eu precisava saber era as lições da famosa cartilha Caminho Suave, não tinha problema algum em decorar as lições, meus pais se orgulhavam de mim, pois eu lia e não repeti em nenhuma lição. Quando terminei o Ensino Fundamental I, fui para outra escola e lá sim sofri, mas conheci o que é leitura.
          Tive um professor da disciplina de Língua Portuguesa muito rígido, porém muito competente e responsável com a educação. O primeiro livro que ele pediu para a turma ler lembro-me até hoje: A árvore que dava dinheiro de Maria José Dupré, tínhamos cinco (05) dias para ler o livro e fazer o resumo da obra. Eu chorava, pedia para minha mãe ler em voz alta, pulava folhas, e logicamente não entendia o enredo da história, na hora de fazer o resumo outro sacrifício, escrever o que? Tudo era tão confuso, nada tinha sentido, não me recordava de nada. O professor recebia meu trabalho e analisava o meu descaso pela leitura me fazia ler novamente o livro, e assim foram-se quatro anos com incansáveis e sacrificantes leituras.
          No Ensino Médio fui fazer CEFAM (Magistério) a partir deste momento passei a sentir falto das incansáveis leituras, dos sacrificáveis resumos, então passei a fazer mais visitas a biblioteca da escola, e por ano chegava a ler até seis livros nomeados da literatura brasileira. De tanto que se tornou prazeroso terminei o magistério fui fazer faculdade de letras.
Portanto, percebo que o professor é peça fundamental na formação do cidadão ele tem a responsabilidade do aguçar no aluno o gosto pela leitura, podendo iniciar por uma simples História em Quadrinhos até um romance da literatura brasileira. Nota-se que a insistência pode-se tornar um hábito, desde que seja indicada uma boa leitura e que aquilo tenha um significado para o aluno, pois assim lhe interessara. Outro fator chave é a motivação para o exercício da leitura em sala de aula, que nos parece imprescindível para a promoção desta prática de forma produtiva e prazerosa. Sabemos, porém, que ela se traduz em desafios constantes para os docentes cientes das dificuldades geradas pelo próprio ambiente da sala de aula atual.
          Contudo o professor deverá ter a preocupação em preparar um terreno propício para a apresentação do material a ser lido, priorizar a conciliação da riqueza do texto com o interesse e as necessidades do grupo a ser trabalhado. Estas exigências nos remetem a existência das regras de um grande contrato implícito de comunicação estabelecido em sala de aula entre o professor e os alunos, denominado, mais especificamente, por Contrato didático.
Sendo assim, finalizo com um trecho de Ângela Kleiman que caracteriza muito bem a responsabilidade dos professores de todas as áreas e disciplinas segundo o que vem a ser leitura.

          “A leitura que não surge de uma necessidade para chegar a um propósito não é propriamente leitura; quando lemos porque outra pessoa nos manda ler, como acontece freqüentemente na escola, estamos apenas exercendo atividades mecânicas que pouco têm a ver com significado e sentido. (...) A pré-determinação de objetivos por outrem não é, contudo, necessariamente um mal. Se o leitor menos experiente foi desacostumado, pela própria escola, a pensar e decidir por si mesmo sobre aquilo que ele lê, então o adulto pode, provisoriamente, superimpor objetivos artificialmente criados para realizar uma tarefa interessante e significativa para o desenvolvimento do aluno.”  (KLEIMAN, 1989, p.35)


Andréa Neves

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